6.10.2007

Colada na esteira da tarde


Pássaro, hoje não tenho certeza se despertei. É certo que há vida, muita vida em mim. Aquele belo me encanta de muitas formas. Não sei explicar ao certo o que sinto nesta tarde, mas é como se alguma coisa aqui dentro estivesse pronto a se insurgir a qualquer momento...

Querida Alice, a vida é assim mesmo, nos pregando peças quando mais chamos ter certeza dos sentimentos, deixe que esse algo surja, transpire esse sentimento por todos os poros, é assim que nós somos, do jeito que vier, como tiver de ser, sem certeza, apenas pelo livre vir, sem medo querida Alice!

Hoje algo me inquieta, ou melhor, me cola na esteira insossa desta tarde trôpega. Não é o medo, minha amiga querida, é algo viscoso, que enjoa, que me amortece. Indefinível...

Querida Alice, não tenho muito o que dizer, nosso passeio pelo podre país das maravilhas, nos abriu muitas possibilidades hoje não é mesmo...conversas particulares, sentimentos inevitáveis, coisas que soaram e fizeram ressoar algo diferente, como se sente agora?

O visco, o amortecimento se foi. Despertei outra vez ainda que seja de noite. Só restou o travo amargo da desilusão com este belo país em que vivemos, pena...

6.09.2007

Sonhos X Realidade


Noite agitada, cheia de sonhos, de novos mundos confundidos com os mundos passados e com os que ainda hão de vir, coração acordou um tanto saudoso, com desejos que não quero dizer nem para mim mesma, querida Alice, sabes o que digo, não preciso explicar, mas ainda estou voando, e nesta floresta escura e linda, de verdades e mentiras, não quero voltar, embora o coração...ainda sinta, envergonhada em dizer, saudade

Querido pássaro, confesso um tanto perplexa que também eu tive sonhos em planos e realidades diferentes. Sonhei com campos, sonhei com meus tão amados cavalos, com pessoas queridas em situações diversas. Em meu sonho era como se o entardecer se conservasse, tudo era âmbar. quanto aos teus sentimentos, amiga querida, não te envergonhes deles. Estão apenas despedindo-se de ti.

O mundo dos sonhos é realmente controverso não, querida amiga? É como se perder entre realidade e fantasia, quando, entre o ainda sonhar e o despertar, mudamos, transformamos, tudo de nós diariamente, ainda na cama, abria meus olhos sem o querer realmente despertar, mas a realidade me agrada, pois, nós, seres que somos, gostamos do sentir, ao contrário dos outros, que se refugiam dos sonhos para poder sentir, nós despertamos para realmente sentir.

Quando sonhamos somos reais ou na realidade sonhamos. Sonhamos acordadas ou construímos sonhos? O fato é que sempre construímos nossa realidade, contrímos sentimentos e sonhos, inventamos amores como Cazuza, mas vivemos tudo intensamente. Todo o resto pode ser onírico, nossos sentimentos frentes a essas realidades, no entanto, são sempre reais - vendavais!

É verdade querida amiga, é sempre verdade quando se trata de nós, mas hoje me sinto... sonhando, nada é real

6.08.2007

O Sabor do Amanhã


Bom dia minha querida amiga, companheira eterna de viagens ainda não vividas, hoje acordei com o gosto do amanhã em meus lábios, mesmo sem querer sabê-lo, gosto já velho conhecido nosso, já não sabia mais como era, já nem sei mais se quero também, é doce e amargo o saber do amanhã, de tentar mudar algo que lhe foi negado e mesmo assim, saber que não será agora e que pessoas perdem tempo demais com a preocupação das instâncias sociais do ser normal, sabemos não é mesmo, querida amiga, o ser normal, tão chato e previsível...


Hoje o dia parece ainda mais interessante, não, pássaro? Vivemos bem esses últimos dias, essas última noites, instantes varridos pelo vento, exatamente no nosso melhor estilo. Nós não nascemos para respeitar convenções, abominamos os que adoram intitular-se "normais", os previsíveis, maçantes, enjoadinhos acostumados a mulher sem nada de "divino".

Sim querida amiga, essas mulheres, sem nada de divino, tão fáceis de se lidar e se levar ao dia-a-dia, quão sacal seria para nós a normalidade, o lugar comum, mar sem ondas, vida com rumo certo? Me arrepiam os ossos de pensar em não viver, não respirar e não sentir, de não querer algo mais nessa vidinha comum. Não querida amiga, o que temos é uma sina, algo maior com que lutar todos os dias, sabemos nós tanto da vida, que fica chato apenas acordar e respirar...


Rss. Hoje tudo é brincadeira pássaro querido! Hoje tudo são luzes e brilhos, hoje encarnamos divindades! Mas, querida, havemos de nos lembrar que existem aqueles que de tão banais preferem as alegorias de feira. Deixemos que sobrevivam com suas esculturazinhas de gesso! rss.


Sabes querida amiga, as esculturas de gesso encantam, pelo seu tom puro do branco, um branco que é neve, que se derrete eventualmente, não restando nada além da poça de água cristalina que só reflete as escolha feitas, o passado escancarado, que perturba a mente semi morta, a alma já maltratada nem responde adormece, em coma, como é triste, saber das escolhas feitas, nós sabemos, como o passado pode ser cruel, por isso, vivemos na pressa do agora, só assim, pro passado se acalmar... Risos, muitos risos, só de pensar, no gosto do que já sabemos


Verdade, as esculturas de gesso tem seu encanto, o encanto do que é barato, fácil e evanescente. Coisa amorfa, mas ainda assim melhores que as bonequinhas de feira, mulheres que esquecem a feminilidade em casa e enfiam qualquer hipótese de sensualidade no fundo do bolso. Remanescentes deslocadas e desprovidas de ideal do movimento hippie, sabe, querida? Risos!


Ah querida, como não saber das que se perdem em sua própria vidinha infeliz, num mundo de aparências, morando em castelos construídos sem paixão, sem cimento, apenas aparências, pessoas comuns, mas querida, não penso serem apenas remanescencias, penso sermos nós, remanscencias de algo que deveria ser, mas pelas convenções, não são...é isso mesmo?



Talvez, mas acho que vai além. Acho que é alguma coisa que está na essência, talvez, quem sabe, concentração da própria? rss. Talvez seja isso, talvez a nossa essência seja extremamente concentrada. Assim, querida, somos só para os fortes, para os intensos, para os filhos do vento!

6.07.2007

Encantos e promessas


Vês que belo dia, pássaro? Quais serão as histórias que hoje provocarão nossos risos? O que teremos pela frente? Algum belo para fazer nossas entranhas se contraírem? O dia chegou maroto, provocando, encantando, prometendo! Quero todos os segundos que são meus por direito!


Querida Alice, não tivemos muito tempo para conversar neste dia não é mesmo? Mas assim que é bom, quer dizer o dia foi mesmo maroto, para ambas, e mesmo assim distantes, sabemos que o mar se agitou, muitas coisas para conversar e rir sobre! Os segundos são nossos e os agarraremos, nem que seja com unhas e dentes, é mais um dia para ser vivido!

6.06.2007

O medo do "não sentir"


Ainda assonada querida amiga, foram muitas as informações processadas desde ontem, muita coisa, dormi logo, acordei tão logo a mente quis falar, a alma leve como uma pluma, é a vida querida Alice e hoje entendi que também usei, fiz o que quis, era exatamente o que eu queria tudo, em seu devido lugar, o amor não duraria, nem o fogo que consumia tudo, logo apagaria e talvez fosse eu a não ter coragem de dizer Adeus, por não saber fazer as coisas à maneira corrupta que foram, fiz e usei sem o saber, na verdade querida amiga, talvez querida amiga, sabendo um pouco, afinal, até você sabia, eu queria amiga e o fiz.

Te disse algumas vezes que tão logo o encantanto inicial se diluisse, somente um adeus de ti restaria. Não era amor, querida amiga, era apenas encantamento ante ao encantamento que notavas nos olhos dele. Somos assim, adoramos perceber a paixão nos olhosde homens interessantes, ver nossas imagens nos olhos dos nossos queridos.

Querida amiga, não saberia dizer exatamente o que foi, hoje conscientemente, penso num jogo de interesses, eu queria viver um sonho, ele se materializou, foi tudo, intenso, carnal, romântico, tumultuado, tudo que um pássaro como eu mais gosta, creio que me sinto um tanto vazia neste momento onde as coisas estão mais calmas, sabes como as tormentas me agradam não é mesmo? Nesse momento o mar está calmo e preciso me acostumar, focar e apenas osbservar os peixes no mar.

Observe os peixes e reponha suas energias, querida, não se entendie com a calmaria temporária. Em breve, outras tempestades surgirão, o vento irá te sacudir novamente, outra paixão vai te arrastar pelos cabelos! Bastante ponderadas tuas conclusões, sábio pássaro. acho que está cheia de razão, tudo muito coerente, só não esqueça de tirar o melhor possível do momento presente

Tens razão querida Alice, deveria saber aproveitar a calmaria, deve ser bom apenas sentar, mas é a calma que mais me deixa inquieta, não da paixão que sinto falta querida amiga, acho que é de sentir nada, sabe o que é isso para mim? Tenho medo, de não voltar a sentir, está tudo meio vazio sabe? Isso me entristece, o não sentir, sabe o quanto é importânte para seres como nós, sentir...qualquer coisa, apenas, sentir

Minha companheira de viagem, quanto engano em seu coração neste momento! Está vazio mas é transitório, verás! Nem se preocupe com isso, num instante, estarás outra vez sentindo! Sentindo seja lá o que for! Sabemos disso...

Ah minha querida amiga, espero que tenhas razão, que o vento sopre logo e me traga algo para sentir, me sinto assim, meio fechada, para algo novo, entende? Não quero isso, não quero deixar de sentir, quero algo novo, para poder deixar totalmente o que se foi, preciso contar algo, uma confissão, acho que sinto falta, é, não sei, tem algo aqui dentro incomodando, não sei ao certo o que é...

Da calmaria emergirá o caos da paixão. Pássaro, esqueces da tua própria natureza? Não voltar a sentir? Medo? Não eles não existem onde nós existimos, como a própria calma também não existe! Deixe estar...

6.05.2007

P&B e Technicolor


Hoje o dia clama por atenção. Já o revirei do avesso, amiga querida, mas nada encontrei. Não há nada aparentemente errado com ele. Bom, talvez seja apenas a ausência de qualquer coisa correta. Cores cintilam, cores se alternam, algo brilha e desparece no instante seguinte... P&B e Technicolor...


Querida Alice, há dias que são assim mesmo, hoje me encontro em algo parecido nesse país das maravilhas maluco que é a vida da gente, mas pense bem querida amiga, qual seria a graça da vida se tudo estivesse em seu devido lugar? Se fose tudo realmente apenas colorido, ou em tons de cinza, a graça está aí, no brilho difundido das cores que se mudam, mudando assim também o nosso olhar. Olhe bem e repare nas cores, na sua mudança hora sutil, hora drástica e sorria amiga, mude junto com o que te muda.


Mudar com as cores... Gosto da idéia. Não sei ainda quantas vezes hoje o dia mudará suas cores, com quais brilhos irá me presentear, que pensamentos me trará, então apenas flutuo. Um dia entorpecido, dia estranho este em que meu raciocínio parece não andar tão depressa, como se me pregasse uma peça...

6.04.2007

Perguntas,UmaPrimeiraConversa


Como acreditar novamente em palavras se elas se vão com o vento, como acreditar em sorrisos se falsas promessas se escondem entre dentes de lobo? Como olhar novamente em olhos, sabendo deles apenas o vazio de um vida sem sentido? Como entregar novamente sua vida na mão de estranhos? Muitas perguntas querida Alice nesta manhã ensolarada, coração sangra, batendo mais forte, mais pesado e doído, aquecendo as asas para levantar vôo novamente, mas cheia de incertezas tão certas quanto o vento frio que me bate na cara.

Pássaro querido, para encontrar tuas respostas, é preciso que vôoes alto, tão alto que estarás sozinho por instantes. Aqueles mesmos instantes recuperadores de outras tantas vezes. No entanto, digo-lhe que promessas são sempre falsas, independente se saídas de bocas de anjos ou lobos. Lembre-se, querida, que tudo é como o vento - efêmero e mutante. A verdade de hoje pode ser a grande mentira de amanhã.


Querida Alice, suas doces e sábias palavras me encorajam, entretanto, ainda não me sinto forte o suficiente para voar, o peito dói e as asas tremem à simples menção de um vôo alto, a solidão não me assusta, sabes que no fundo, sou um pássaro solitário, guardado em meus pensamentos e sentimentos. Me preocupa a desilusão, caí de um vôo alto, tão alto que não via o chão, as máscaras cairam, minha querida companheira de viagem, todas, e eu com elas, desiludida, por pensar e acreditar que um dia, esse dia chegaria, mas fechei os olhos. Será tudo na vida, assim efêmero e mutante?

A própria vida é efêmera. É toda ela assim, veloz e mutante e por isso, não deves dar tempo aos medos. Pensar em depositá-la, assim como a tua própria felicidade em mãos que não as tuas, é o maior dos males, o maior dos perigos, o maior dos desrespeitos que podes cometer contra teu próprio eu. Se não tens ainda forças para voar, deixe-se apenas soprar pelo vento. Tão pequeno aquele ordinário, como permites que cause tamanha dor? Sim, é certo, o menor dos vírus é capaz de causar grandes danos, mas aquilo? Aquilo foi um simples engano, minha querida. Tão logo a dor se dissipe, entenderás que não era, nunca foi e nem nunca seria. Pássaro, se procuras abrigo, saiba que o tens no País das Maravilhas, um período breve de "nonsense" talvez te dê algum fôlego para teus próximos vôos.

Sim, querida amiga, companheira, sei, obrigada, mas sei, neste momento, lhe digo, sei, detalhes são supérfluos para nós, querida amiga, não preciso explicar, sim, foi este um pequeno ordinário, que mexeu demais, sim, foi pequeno quem foi, grande o que senti e como me conheces, melhor que ninguém, sabes de mim, que a´pós um vôo solitário, voltarei, cheia de vida e de certezas, ainda acreditando no que hoje tive medo de perder, mas não se foi, sorriso, o brilho, voltará. Obrigada Alice, por sempre me lembrar de nós, de quem somos, não permito que tal ordinário cause tal dor, não é ele, é o que foi, sei que entende, sou apenas um pássaro ferido, pela feliz tristeza da dor de amor que tanto amo, sabes, sabes porque somos assim achamos bonito, e sempre será lindo, essa bela dor de amor. Voarei querida Alice, tão logo as asas se curem.