6.04.2007

Perguntas,UmaPrimeiraConversa


Como acreditar novamente em palavras se elas se vão com o vento, como acreditar em sorrisos se falsas promessas se escondem entre dentes de lobo? Como olhar novamente em olhos, sabendo deles apenas o vazio de um vida sem sentido? Como entregar novamente sua vida na mão de estranhos? Muitas perguntas querida Alice nesta manhã ensolarada, coração sangra, batendo mais forte, mais pesado e doído, aquecendo as asas para levantar vôo novamente, mas cheia de incertezas tão certas quanto o vento frio que me bate na cara.

Pássaro querido, para encontrar tuas respostas, é preciso que vôoes alto, tão alto que estarás sozinho por instantes. Aqueles mesmos instantes recuperadores de outras tantas vezes. No entanto, digo-lhe que promessas são sempre falsas, independente se saídas de bocas de anjos ou lobos. Lembre-se, querida, que tudo é como o vento - efêmero e mutante. A verdade de hoje pode ser a grande mentira de amanhã.


Querida Alice, suas doces e sábias palavras me encorajam, entretanto, ainda não me sinto forte o suficiente para voar, o peito dói e as asas tremem à simples menção de um vôo alto, a solidão não me assusta, sabes que no fundo, sou um pássaro solitário, guardado em meus pensamentos e sentimentos. Me preocupa a desilusão, caí de um vôo alto, tão alto que não via o chão, as máscaras cairam, minha querida companheira de viagem, todas, e eu com elas, desiludida, por pensar e acreditar que um dia, esse dia chegaria, mas fechei os olhos. Será tudo na vida, assim efêmero e mutante?

A própria vida é efêmera. É toda ela assim, veloz e mutante e por isso, não deves dar tempo aos medos. Pensar em depositá-la, assim como a tua própria felicidade em mãos que não as tuas, é o maior dos males, o maior dos perigos, o maior dos desrespeitos que podes cometer contra teu próprio eu. Se não tens ainda forças para voar, deixe-se apenas soprar pelo vento. Tão pequeno aquele ordinário, como permites que cause tamanha dor? Sim, é certo, o menor dos vírus é capaz de causar grandes danos, mas aquilo? Aquilo foi um simples engano, minha querida. Tão logo a dor se dissipe, entenderás que não era, nunca foi e nem nunca seria. Pássaro, se procuras abrigo, saiba que o tens no País das Maravilhas, um período breve de "nonsense" talvez te dê algum fôlego para teus próximos vôos.

Sim, querida amiga, companheira, sei, obrigada, mas sei, neste momento, lhe digo, sei, detalhes são supérfluos para nós, querida amiga, não preciso explicar, sim, foi este um pequeno ordinário, que mexeu demais, sim, foi pequeno quem foi, grande o que senti e como me conheces, melhor que ninguém, sabes de mim, que a´pós um vôo solitário, voltarei, cheia de vida e de certezas, ainda acreditando no que hoje tive medo de perder, mas não se foi, sorriso, o brilho, voltará. Obrigada Alice, por sempre me lembrar de nós, de quem somos, não permito que tal ordinário cause tal dor, não é ele, é o que foi, sei que entende, sou apenas um pássaro ferido, pela feliz tristeza da dor de amor que tanto amo, sabes, sabes porque somos assim achamos bonito, e sempre será lindo, essa bela dor de amor. Voarei querida Alice, tão logo as asas se curem.

Um comentário:

Juliana disse...

Nossa! que lindo tudo isso!